Leito portátil da vida

Num tablado vazio, onde apenas um foco em penumbra o ilumina, surge uma criança que acaba de nascer e traz consigo signos, ideologias, livros e todo o conceito de desejo carnal. Um solitário espectador assiste minuciosamente a cada passo desse neófito que brinca de atuar e atua sem brincar. Olhar sereno, voz mansa, sorriso intenso, passos ora longos, ora curtos sem medo de tropeçar caminha sua própria história. Cria seu monólogo improvisando falas e construindo seus textos a partir de elementos que a vida sugere. Cresce, despido de vestes, atinge a idade dos anjos. Conversa sobre sexo, traições, idolatrias, escrituras e toda a moralidade de amor eterno. O foco o acompanha até o procênico, interage com o solitário espectador e o convida a subir no palco para interpretarem juntos a magia de viver. Ao som daquela música, dá-se o desfeche perfeito aos amantes celestiais, enquanto, lentamente, fecham-se as cortinas.
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