Somos eu, você e um segredo. (Escuridão)

“Chega à hora de dormir”, a frase que ouve de sua mãe e que a assusta. Ela odeia tanto que preferia que o dia não escurecesse ou que não houvesse noites. Nicole, com apenas treze anos de idade, já sabe bem como é a escuridão. A voz de sua mãe se repete dizendo, “Hora de dormir, criança. Vá para cama, seu pai daqui a pouco irá dar-lhe boa noite”. Aquelas palavras penetram seu corpo de uma forma intensa e faz com que sua carne fique tremula e os pelos de seu corpo arrepiem. Com um olhar triste, de quem quer dizer algo à sua mãe e não pode, ela tenta falar, mas não consegue. Sua voz não alcança um tom alto necessário para que sua mãe consiga ouvir suas suplicas. Como alguém que espera um mau presságio, ela obedece a sua mãe, vai pra o quarto e deita-se. Seu coração bate mais forte a cada passo que ela ouve a subir a escada. Prontamente ela coloca a camisola vermelha que ele tanto gosta. A porta se abre e ela vê os olhos de seu pai, que brilham intensamente vendo sua face assustada na cama. Ao puxar sua coberta, ele sorri feliz ao ver o que ela está vestindo. Olhando-a, ele diz a ela que a única coisa que deseja é um beijo de boa noite, passa a mão no seu rosto e a abraça. Apertando-a muito forte, arrancando seu ar. “Criança, você é bela, somos eu, você e um segredo”, diz ele cobiçando-a. Ela não grita mesmo sabendo que é errado, mente e respira, desejando que consiga ser forte junto de sua beleza. “Será que a minha mãe nunca soube?”, indaga-se todas as noites. É apenas uma parte que ela não pode contar, mas sobre a escuridão, ela já a conhece bem!
3

A morte do palhaço interior

Já não se vê mais um traço de alegria,
Aquele que brincava de atuar e atuava sem brincar
Mergulhou na profunda solidão e dor.
Assédios e adultérios penetram sua alma.
Perde-se o olhar e a face infantil
Mostra-se a dor de um homem
Que não agüenta mais o fardo da vida
Que já se acostumou com a escuridão

Trocam-se dias por noites
Já faz tempo que não vê o por do sol
Não sabe se irá agüentar
As luzes fortes em seus olhos sombrios
Aqueles olhos tristes em seu rosto
E embora ainda colorida a sua face
Não se vê mais a felicidade ou um sorriso
Somente marcas amarguradas de sua vida

Lagrimas escorriam
Arrancavam à tinta de seu rosto
Cores se misturavam
Não se via mais a beleza de antes.
Não sabia o que havia acontecido
Para todo aquele transtorno
O sorriso que iluminava o picadeiro
Foi-se com a partida do circo.
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