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Infortúnios da virtude

Dia 24 de dezembro para 25 de dezembro de 2009. Isso mesmo, natal. As comemorações se seguiam e já era 3h da manha e todos iam rumo a suas camas. Sem sono resolvi ler o livro “Os infortúnios da virtude” de Marques de Sade. Venho há muito tempo querendo lê-lo, porém a preguiça tomava conta de meu ser e não conseguia. Exatamente das 03:15h até as 11:45h, li todo o livro e praticamente fiquei fascinado com a história que me prendia e não conseguia parar de lê-lo.

Contando primeiro por que do interesse de ler o livro, foi devido ao ponto de vista de um amigo muito querido que me apresentou-o e fiquei curioso com o que ele me demonstrou. Sendo que meus princípios em relação ao livro, vai totalmente contra a toda a tese que ele me apresentou. Vamos primeiro a uma pequena apresentação a vocês sobre o livro e depois ao meu ponto de vista em relação a ele.

Os infortúnios da virtude – Marquês de Sade

A história começa na percepção de vida da Senhora Lorsange. Já se é revelado que senhora Lorsange volta ao passado e relembra quando tinha 15 anos de idade e se chamava Juliette e estava prestes a ser expulsa do convento junto com sua irmã Justine, 12 anos, logo após o falecimento de sua mãe e devido também à complicada situação financeira de seu pai, que as abandonará. Justine e Juliette tinham idéias de vidas diferentes. Enquanto uma queria seguir os princípios virtuosos da vida a outra só queria ser uma dama da alta sociedade, não se importando com os meios de consegui-lo. Após cada uma receber uma determinada quantia em dinheiro, elas se separam, sendo que cada uma seguia seus destinos sem a pretensão de se ver novamente.
Nesta determinada hora, Marquês de Sade, começa a narrar como que foi o primeiro dia e o segundo dia de Justine em seu caminho virtuoso, e logo em seguida a esquece e começa a narrar à vida de Juliette e como ela se tornou a Senhora Lorsange, logo após ter assassinado seu marido, e ter conquistados muitos títulos importantes aos 15 anos, sempre usando de caminhos tortuosos. E voltando para a vida que tem hoje.
Num determinado momento da vida da Senhora Lorsange, onde é narrada à história, em sua vida atual, entra uma personagem que não revela seu nome e muito menos dados de seu nascimento e de sua família. Apenas, devido a estar condenada, começa a narrar sua vida e os fatos que a levaram a Paris para ser execrada a pena de morte. Com o decorrer da narrativa a Senhora Lorsange, ela define seu nome como Sofia. Sofia perdeu seus pais muito cedo e sem parentes próximos sofre por ter que se virar na sua sustentação muito nova. Na procura de emprego para poder se manter, e sem conseguir acha-lo em lugar algum. Recebe uma indicação para ir trabalhar na casa de Du Harpin, fazendo serviços domésticos. Depois de uma proposta bastante corrupta de seu patrão para roubar pertences de seu vizinho, ela o recusa, devido seus princípios virtuosos, o que acarreta um grande ódio de seu patrão a sua atitude. Du Harpin chama a policia e a acusa de ter roubado um diamante, como vingança devido ao seu ato de repugnação ao pedido de roubo, e o que acaba sendo comprovado pela policia, ao acharem o diamante que seu patrão plantou dentro de seu aposento. Presa e condenada à forca ela tem sua vida salva por uma mulher chamada Dubois, que por causa de muitos crimes, também tinha sido condenada à forca no mesmo dia de sua executação. Dubois planeja junto com seus cúmplices um incêndio dentro da prisão que faz 10 pessoas morreram queimadas e ajuda na fuga das duas. Dentro de um bosque onde Dubois considera todos salvos, ela a convida para entrar para sua gangue e Sofia sempre seguindo o caminho da virtude, rejeita. Os quatro homens cúmplices de Dubois queriam que Sofia, que ainda virgem, devesse passar pelas mãos deles. E mesmo ajoelhando e implorando aos prantos pela sua virgindade a Dubois, que não liga muito para sua suplica, teve seu pedido negado. Na briga entre os quatro homens, devido a quem iria ser o primeiro a ter a Sofia, e na tentativa de apartar a briga de Dubois. Sofia viu ali uma oportunidade de escapar e correu pra dentro do bosque até conseguir se sentir completamente segura.
Descansando a margem de uma árvore, passa a noite ali. Logo na manha ouviu um barulho e uma conversa. Acabara de presenciar a consumação de dois homens ali no bosque. Depois do ato sexual, um deles ao ir fazer sua necessidade em uma árvore, notou a presença de Sofia. O Marquês de Bressac após ter ouvido seus infortúnios até ali e sem se apiedar de sua situação, ameaçou-a e levou-a para trabalhar na casa de sua mãe, a Condessa de Bressac. Após ela narrar todos seus infortúnios e provando ser uma pessoa ingênua para a Condessa, ela foi aceita para trabalhar lá. Sofia passou um bom tempo trabalhando para Condessa, que por sua vez, pegou muito afinco a sua pessoa que até confiava a ela segredos. Sofia vendo os atos impugnosos do Marquês tentava corrompe-lo com discursos religiosos. E mesmo sabendo da sua homossexualidade, sentia uma atração de ternura pelo Marquês e desenvolvendo uma grande paixão por ele. O Marquês de Bressac, ainda não sabendo desta paixão que Sofia sentia por ele, seduzia a pobre menina para apenas poder inseri-la em seu plano para matar a sua mãe e ficar com todas as riquezas dela. Após ter contado e pedido segredo a Sofia, ele pensa que ela irá ajudá-lo no plano. Sofia aceita apenas para tentar manter a mãe viva e para não comprometer a vida de seu jovem amor. Não vendo saída, Sofia conta a verdade a Condessa. O Marquês descobre toda a verdade e envenena a mãe, deixando a culpa cair sobre a Sofia, além de bater nela amarrada numa árvore no bosque e deixa-la completamente ensangüentada. Deixando-a viver, ele diz para ela sumir e nunca mais aparecer ali se não quer morrer. Mais um infortúnio acontece na vida da pobre criatura. Andando sem rumo para o mais longe da França, encontra ajuda, em um pequeno vilarejo, de um médico chamado Rodim. Após um mês de repouso, ela estava currada. Rodim oferece-a um lugar onde ficar e paga pelos seus serviços domésticos. Quando Sofia acha que sua vida está começando a melhorar, ela ouve um choro de criança no porão da casa. Sabendo que o médico não é casado e muito menos tem filhos, ela vai ao encontro da criança, e pergunta o que ela esta fazendo ali. A criança por um momento para o choro e responde que estava com seu pai no bosque e uns homens a seqüestraram, colocando-a dentro de um saco. Apavorada com a situação e sabendo que Rodim com um de seus amigos, também cirurgião, iria fazer uma cirurgia na criança, que acabaria com a vida dela. Ela então, resolve ajudar a criança a fugir enquanto seu patrão não estava em casa. Para a situação de fuga da menina parecer que ela mesma conseguiu tal proeza, Sofia danifica a fechadura e coloca a chave no local onde seu patrão a deixou. Na volta do patrão a casa junto de seu amigo, ele percebe a ausência da criança e tem toda a certeza de que a culpada da fuga é Sofia. Eles pegam Sofia e nela fazem uma cirurgia, após o incentivo do amigo de colocá-la no lugar da criança deixando, também, uma marca feita com ferro e fogo, um símbolo que se fazia em bandidos nas cadeias, e logo em seguida a deixa jogada na entrada de um bosque.
Andando para chegar a Grenoble, ela acaba indo para em um convento. Achando que ia ali professar sua fé, acaba caindo em um dos piores infortúnios de sua vida. Liderado por quatro reverendos: Padre Rafael “Italiano”, Padre Clemente, Padre Jerônimo e Padre Antonin. Os padres eram totalmente libertinos. Abusavam e trancafiavam jovens nas torres do convento, usando-as para os prazeres sexuais deles. Naquele momento Sofia perde involuntariamente e de maneira brutal sua virgindade. Após anos de servidão aos Monges, com a saída de Rafael e Clemente, e a súbita entrada de novos padres, todas são libertas e vão embora prometendo não contar nada daquele lugar onde muitas jovens passaram os piores momentos de suas vidas, inclusive Sofia. Saindo do convento e indo a caminho de Delfinado, resolve ajudar uma senhora que vinha mendigando ao caminho, e acaba sendo assaltada por ela, sem chance de reação. Continuando seu caminho e nunca desviando de suas virtudes, encontra Dalville que acabará de ser pisoteado por dois homens a cavalo. Correndo para ajudá-lo e usando as únicas coisas que tinha consigo, ela o reanima e ele para ser grato oferece-a um emprego em seu castelo. Sem pensar duas vezes e vendo que sua sorte estava mudando, ela vai ao encontro do castelo nas fronteiras de Delfinado, junto com ele. Chegando lá, ela meio assustada com o local, acaba sendo por ele enganada e é feita de escrava e colocada para trabalhar nua, rodando a alavanca, junto com mais duas moças, também nuas, para aumentar o nível de água para a criação de moedas falsas. Todas as noites em seu descanso, Dalville ia ao aposento de Sofia e mantinha relações com ela de maneira forçada. Dalville enriquecendo trocando as moedas falsas por títulos na Itália, parte para Veneza e deixa um substituto em seu lugar. Roland entra em seu lugar e com um gênio virtuoso, acaba com a servidão escrava das três mulheres e coloca-as em serviços domésticos dentro do castelo, deixando-as em aposentos melhores. Mas como todas as coisas que começam a dar certo na vida de Sofia, logo após começam a desandar, essa não seria diferente! A policia invade o local onde ocorre a produção de moedas falsas e prende todos. Chegando a delegacia os policias após ver a marca deixada que Sofia tem nas costas por Rodim, condenam-na culpada logo de cara, e tem as mesmas sentenças que os outros. O senhor S. que ao se deparar com a ingenuidade de Sofia e se dispõe a ouvir todos seus infortúnios, se comove com sua história e assume o papel de seu advogado de defesa. Consegue declara-la inocente e faz com que ela fique na cidade para procurar um quarto para ficar. Na procura desse quarto em Grenoble, reencontra Dobois, quem salvou sua vida há 10 anos atrás. Dobois propõe a ela que saia com um de seus “amigos”, Durbreuil, que é apaixonado por Sofia, para poder roubá-lo. Ainda com pretensões virtuosas, aceita a proposta com o intuito de alertar Durbreuil sobre toda a verdade. Ela avisa Drubreiul, da tal iniciativa de Dobais, que acaba morrendo envenenado e a culpa cai sobre os ombros de Sofia. Com a ajuda de um dos amigos de Drubreiul, que antes de sua morte o confessou coisas que favoreciam a defesa de Sofia em seus últimos suspiros, mas que não era suficiente, ela foge com Bertrand e seu filho de 18 meses para Lyon. Após chegar a Lyon e não passando muito tempo na cidade, vão para Villefranche, onde se hospedam em um hotel que acaba sofrendo um incêndio. Na tentativa de salvar o bebê de Bertrand, que por sua vez no desespero corria para salvar a sua vida e esquecia de seu filho, ela o pega e tenta correr, porém mais um infortúnio viria para sua vida. Ela devido a um mau jeito, acaba tropeçando, e deixa o bebê cair às chamas. O que faz ser chamada por Bertrand de assassina e causadora do incêndio.
Após disso tudo acaba sendo levada de Villefranche para Lyon para sofrer julgamento. E após condenada indo para Paris cumprir a sentença, que era de morte em até oito dias. Contando tudo isso a Senhora Lorsange e ela ficando comovida com toda a história daquela pobre criatura, junto de seu marido, Senhor de Corville. Ela implora aquela moça com tantas virtudes que lhe de detalhes de seu nome e de seu nascimento, podendo achar que ela fosse a Justine. Ouvindo isso, Sofia emociona-se e diz o nome Juliette?
As duas irmãs haviam se encontrado novamente e o Senhor de Corville, acabará de conseguir o alvará de soltura da irmã da Senhora de Lorsange. Depois de muitos tratamentos, que fizera sumir todos os traços de infortúnios de seu corpo, incluindo a marca de suas costas. Justine, após alguns momentos felizes na casa de sua irmã. Sentia que o que estava recebendo não era para ela, que o que merecia era o sofrimento e o infortúnio. Após alguns dias tristes, pelos cantos, em um dia de chuva, com muitos trovões e tempestades, no salão da residência de Juliette, onde todas as portas e janelas estavam abertas. Juliette com medo dos trovões pediu para que Justine fechasse as portas e janelas. E quando seu marido o Senhor de Corville chegará a casa e depois de ter enfrentado por um tempo os ventos para poder chegar a uma das portas, Justine fora atingida por um raio que entrara em seu peito e subira até sua face deformando-a toda e jogando-a ao meio do salão. Juliette deu um grito e desmaiou, enquanto o Senhor de Corville chamou os médicos que conseguiram reanimar Juliette, porém não conseguiram salvar a vida da pobre Justine. Juliette, após o pedido de retirar o corpo de Justine, feito pelo marido, disse não. Olhou atentamente ao corpo e se despediu do marido, abandonando-o. Foi para um convento de Carmellitas, transformando o fim de Justine em exemplo de correção de sua vida libertina. Justine morrerá após seus infortúnios e Juliette após ter sido uma mulher mundana, passa a ser corrigida.

Este é o pequeno resumo da Obra de “Infortúnios da Virtude” de Marquês de Sade.

Minha opinião sobre a obra:

Muitos podem dizer que é o bem x o mal, mas não. É o bem lado a lado com o mal, demonstrando que a cada atitude boa que se faz, virá uma mal e vice e versa. Demonstrando que todas as atitudes virtuosas de Justine (Sofia) seguiram de infortúnios sofridos por ela, e que todas as corrupções ou libertinagens, feitas pelos outros personagens contra Justine (Sofia), seguiram de gratificações que receberam. Um exemplo disso são os caminhos ótimos que cada personagem que fazia algo de errado recebia:

A primeira a trilhar as veredas de suas más atitudes é Juliette que se torna a Sra. Lorsange, uma mulher muito rica e de muitos títulos que já se esquecerá de todos os males causados para chegar até ali.
O Sr. Du Harpin que consegue chegar à riqueza roubando jóias de seu vizinho.
O Marquês de Bressac que se torna um homem rico, com muitos títulos, após ter matado sua mãe, Condessa de Bressac.
O Sr. Rodim, médico cirurgião, que trilha os caminhos do sucesso na Suécia após ter causado várias mortes de crianças, que ele mesmo seqüestrou em Paris.
Os padres Rafael e Antonin, um nomeado General da Ordem de São Francisco, pelo Papa, e outro guardião de Lyon, sendo que os dois flagelavam as moças jovens e inocentes dentro do convento Sainte Marie des Bois após seqüestrá-las.
O Dalville que se torna um homem rico e com muitos títulos na Itália, Veneza, vendendo pedras falsas em Delfinado.
E por fim a Dubois que de uma ladra passa para a mulher mais bem educada e correta da França.

Enquanto as atitudes virtuosas de Justine só a fazem cair em infortúnios como: Rejeita participar de um roubo e acaba sendo culpada de ladra, rejeita participar de um assassinato e sai como culpada, ajuda uma criança inocente a fugir de um homem que iria matá-la em uma cirurgia e acaba maltratada por ele, vai orar em um convento e cai na mão de 4 monges libertinos e perde sua virgindade a força, vai dar esmolas a uma mendiga e é assaltada por ela, ajuda um homem a beira da morte e se torna escrava dele, ajuda o homem que quer se casar com ela a não ser roubado e acaba o perdendo envenenado por quem achava que era sua amiga, tenta salvar uma criança que a mãe esquecerá na hora do incêndio e sai como culpada não só da morte da criança, mas também, do incêndio.

Existem duas formas de se enxergar a visão de Sade em relação ao seu livro.

Sade não se encontra de maneira alguma em papel de Justine devido sua história de vida. De acordo com a história de vida de Sade, ele se encontra no papel das pessoas que tentam levar Justine ao caminho da libertinagem.
Porque Sade se encontra nesses personagens e dentre eles, qual personagem se encaixa mais ao perfil de Sade?
Devido às coisas que se contam da história de vida dele. Ele foi preso por devassidão, blasfêmia e profanação da imagem de Cristo. A personagem Justine em todos os momentos demonstra uma adoração quase que fanática por Cristo ou Deus, o tratando sempre pelo nome de Providência. Justine é uma personagem que tenta trilhar seus caminhos a partir dos ensinamentos religiosos que recebeu dentro do orfanato de que fora expulsa logo no inicio da história, seguindo um caminho de virtudes em que acredita. O marquês tem uma história de vida de libertinagens, anti-cristo, preso por seduzir uma mendiga por quem ficou encantado, prende-la e flagela-la, e também preso por sadomia e envenenamento. Todos são atos dos que agem contra Justine (Sofia). Todos os que agem contra Justine (Sofia) pode encaixar-se no papel de Sade, mas dentre eles o que se encaixa mais em seu perfil é o de Marquês de Bressac, devido a seguinte parte que se diz no livro: Fala do Marquês de Bressac a Justine (Sofia): “Todas as religiões partem de um principio falso, Sofia, dizia-me ele, todas julgam necessário o culto de um ser criador; ora se este mundo eterno, como todos aqueles em meio aos quais ele flutua nas planícies infinitas do espaço, jamais tiveram um começo e jamais devem ter um fim, se todas as reproduções da natureza são resultados de leis que se encandeiam, se sua ação e sua reação perpétua supõem o movimento essencial à sua essência, a que reduz-se o motor que lhe dais gratuitamente?(...)”
Mostra a maneira de Sade não acreditar na presença superior de um Criador, Deus ou Cristo. A maneira de se olhar para o livro é que Sade se apresenta em todos os papéis que não sejam Justine, tentando colocar o leitor nesse papel. Servindo como um meio de tentar fazer o leitor desacreditar nas virtudes que existem no mundo e mostrá-lo o que realmente acontece em volta dele. E que no final quase consegue demonstrando as dúvidas de Justine em realmente existir uma Providência, “Deus”, e seu total desagrado em relação às coisas boas que acontecem ao lado de sua irmã, achando que só está ao mundo para sofrer. É esta a maneira que Sade encontra de tentar corromper o leitor a acreditar que o mundo não é feito de virtudes, colocando o leitor ao papel de Justine.

Sade esta completamente no papel de Justine se mostrando sofredor de suas virtudes. Ele tenta dizer que seus feitos, como dizem a sua trajetória de vida, não se passam de coisas que fizeram contra ele, demonstrando que ele não fez nenhum daqueles atos e que todas as coisas foram armações que fizeram contra ele por ser uma pessoa virtuosa.

Nas duas formas de se ver a visão de Sade em relação a sua obra, acredito mais na primeira visão em que ele tenta corromper o leitor colocando-o no papel de Justine. Todas as falas dos personagens que agem de maneira contra Justine tentam levá-la para o caminho da sadomia, tentando corrompe-lá. E a forma de se acreditar que há mais a "pessoa" Sade nesses personagens do que em Justine, é devido as falas desses personagens persuasivos serem sempre mais articulosas e as de Justine sejam sempre de duvida, vindo com perguntas a eles. Justine não escolhe a dor visto que simplesmente quer ou que gosta de sofrer, é porque não vai contra suas virtudes e escolhe este caminho, não esperando o sofrimento e sim a sua felicidade. Justine é a visão de Sade em relação a nós, leitores. Que sofremos por tantas coisas na vida e que chega uma hora de felicidade e que já acreditamos que algo de ruim irá acontecer. A maneira que Sade viu para retirar a personagem virtuosa desse mundo libertinoso, não foi simplesmente mudá-la de lugar e sim levá-la a outro plano com o pensamento que nesse mundo não há lugar para tanta virtuosidade como a de Justine. Sade nos coloca no papel de justine e tenta nos persuadir a olhar que não há pessoas boas ao nosso redor, elas somente estão em peles de cordeiro.

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