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Somos Sete

Eu sempre fui recatado em relação aos meus pudores. O desejo se fazia presente, fixado em minha carne, porém o medo me deixava prisioneiro, parado, somente a observar todos aqueles que participavam da vida que me sentia excluído. Aquela bendita, bendito, arrancará tudo de mim, inclusive à visão pura de um mundo libertino, deixando se perder entre sombra, blush, rimel, batom, e desejos carnais, o que um dia foi marcante. Você acredita? Também não. Chamam-me de luxúria, o prazer pulsa ao me chamarem de luxúria. Nenhuma crença me convence, acredito naquilo que sinto, ou melhor, no que vejo pelo espelho. Aliás, acho que quebrei uma unha! Deixa de ser vaidoso? Não sou vaidoso, quer dizer, só sou o necessário para você me admirar e não me tirar da sua cabeça, nessa fixação em me ter na sua cama.
Nunca precisei de ninguém para me fazer ter prazer, não sou dependente. Falaram que eu sou invejoso, mas nem ligo, às vezes dizem coisa pior. Meu orgulho vem em primeiro lugar e se eu quiser você agora, eu pago! Quanto custa, diga? Dinheiro não é problema. Mas concorde que tem que ser um valor justo, nem sempre o produto é valido. Setecentos? No máximo quatrocentos. Tenho de sobra, mas minha avareza não faz desperdiçar nada. Até que você não é tão bobinho quanto pensava, sabe negociar. Mas esperteza demais me causa raiva. Cuidado com o que diz, criança. Ou vai acabar despertando minha ira. Quinhentos e não se fala mais nisso. Hummm, é grande? Você não sabe o tamanho da minha gula. Mas disso conversamos depois, agora a preguiça toma conta de mim e quando isso acontece, acabou a conversa.
Antes de ir, guarda com você. Mas lembre-se que eu sou apenas aquilo que se encontra em você, naquela mulher sentada num bar, naquele homem que trabalha durante a madrugada. O pecado que aflora seus sonhos. Um ser humano, dividido em sete.

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